Você está no regime tributário errado e perdendo dinheiro.
Pois, essa é a realidade de mais da metade das empresas brasileiras. Somente 40% estão enquadradas no regime tributário mais vantajoso para seu perfil. O restante está deixando dinheiro na mesa.
Por quê? Pelo seguinte: falta de análise contábil, desconhecimento das regras e apego ao que parece “mais simples”.
Resultado: milhares de reais desperdiçados todo ano.
Neste artigo, você vai entender, com exemplos e simulações, como escolher o melhor regime tributário para sua empresa.
Simples Nacional nem sempre é o mais simples
A primeira armadilha é acreditar que o Simples Nacional é sempre o melhor caminho.
Não é. O nome engana.
O Simples pode ser vantajoso para pequenos negócios com baixa margem, poucos custos e sem muito planejamento financeiro. Mas ele embute tributos federais, estaduais e municipais em uma alíquota única — que pode ser muito mais alta do que você imagina.
Por exemplo: Uma empresa de serviços que fatura R$ 1,2 milhão ao ano pode pagar mais de 15,5% de imposto no Anexo III se o Fator R não for favorável.
Conclusão: O Simples é simples, mas pode ser caro.
Lucro Presumido: o favorito das empresas de serviço
No Lucro Presumido, a base de cálculo dos impostos é estimada de forma padronizada.
Como funciona: aplica-se um percentual (geralmente 8% para comércio e 32% para serviços) sobre o faturamento para calcular IRPJ e CSLL. Então, sobre esse valor, incidem as alíquotas de 15% e 9%, respectivamente.
Exemplo prático: Uma consultoria que fatura R$ 100 mil/mês pagará cerca de R$ 13.330,00/mês em tributos federais no Lucro Presumido. Isso representa 13,33% de carga efetiva.
Comparando com o Simples, se essa mesma empresa constasse no Anexo V com Fator R desfavorável, pagaria mais de 18%.
Portanto, com margens elevadas e estrutura enxuta, o Lucro Presumido é mais eficiente.
Lucro Real: ideal para quem tem margem apertada ou créditos
O Lucro Real é obrigatório para empresas com faturamento acima de R$ 78 milhões anuais ou para setores específicos. Mas também pode ser uma estratégia para quem tem margem pequena ou muitas despesas dedutíveis.
Diferencial: os impostos são calculados sobre o lucro efetivo. Logo, se a margem é baixa ou se há prejuízo, os tributos diminuem.
Outro ponto importante: empresas no Lucro Real podem se creditar de PIS e Cofins. Isso é essencial para quem tem cadeia de fornecedores que emitem nota com destaque desses tributos.
Por Exemplo: Uma indústria que fatura R$ 500 mil/mês, com margem de 10% e créditos de insumos, pode reduzir significativamente a carga total ao optar pelo Lucro Real.
Em outras palavras, não se trata de faturamento alto ou baixo, mas da relação entre receita, custo e lucro.
Comparativo direto entre os regimes
| Regime | Quando é vantajoso | Alíquotas efetivas* | Burocracia |
|---|---|---|---|
| Simples Nacional | Receita < R$ 4,8 mi; poucos custos | 6% a 33% | Baixa |
| Lucro Presumido | Margem alta; serviços; receita até R$ 78 mi | 13% a 16,33% | Média |
| Lucro Real | Margem baixa; créditos; prejuízos | Variável conforme lucro | Alta |
*Estimativas com base em cenários comuns, podendo variar.
Momentos ideais para mudar de regime
Escolher o regime tributário mais vantajoso não é uma decisão permanente. A lei permite a troca anual, desde que feita até janeiro.
Mas quando vale a pena mudar? Veja alguns gatilhos:
- Aumento de margem de lucro: pode tornar o Lucro Presumido mais atraente.
- Queda no faturamento: pode fazer o Simples voltar a ser vantajoso.
- Entrada de novos custos dedutíveis: favorece o Lucro Real.
- Expansão para novos estados: implica em revisar ICMS e incentivos regionais.
Dica de ouro: simule cenários em outubro ou novembro para tomar decisão com base em dados, não em achismo.
Simulações práticas
Cenário 1 – Empresa de Tecnologia
- Faturamento: R$ 2,4 milhões/ano
- Margem de lucro: 35%
- Custo fixo: Baixo
Melhor regime: Lucro Presumido
Por quê? O Simples seria oneroso por conta do Fator R. Já o Presumido oferece alíquotas menores e menos obrigações acessórias.
Cenário 2 – Restaurante
- Faturamento: R$ 1,5 milhão/ano
- Margem: 12%
- Muitos insumos com nota fiscal
Melhor regime: Lucro Real
Motivo: possibilidade de crédito de PIS/Cofins, além de tributação sobre lucro real, que é baixo.
Cenário 3 – Loja de roupas
- Faturamento: R$ 600 mil/ano
- Margem: 25%
- Pouco custo operacional
Melhor regime: Simples Nacional
Justificativa: carga baixa no Anexo I e simplicidade de gestão.

Como descobrir seu regime tributário mais vantajoso
Agora você pode estar se perguntando: “ok, mas como eu descubro meu melhor regime?”
Resposta curta: faça uma análise contábil comparativa.
Resposta longa:
- Simule os três regimes com base no seu faturamento, margem, custos e folha
- Calcule a carga tributária efetiva em cada um
- Considere o impacto das obrigações acessórias
- Analise a previsibilidade do fluxo de caixa
Ou seja, não existe resposta pré-pronta. Existe cenário simulado e escolha embasada.
O papel da contabilidade nessa escolha
Aqui na OBSA, não acreditamos em achismo tributário. Acreditamos em planejamento baseado em dados.
O que acontece é que muita empresa acha que o contador serve apenas para entregar guias. Mas ele é (ou deveria ser) o principal conselheiro financeiro do seu negócio.
Portanto, se você quer pagar menos impostos sem correr riscos, comece pela contabilidade.
Com uma análise bem feita, você descobre qual é o regime tributário mais vantajoso para o seu momento atual.
Sua escolha fiscal é estratégica
O regime tributário certo pode cortar sua carga fiscal pela metade. Mas, o errado pode sufocar seu lucro.
A boa notícia é que você pode escolher. Desde que faça isso com antecedência, conhecimento e simulação.
Por fim, a contabilidade é a chave. Com planejamento tributário preventivo, você protege sua empresa e impulsiona sua rentabilidade.
A pergunta é: você vai continuar pagando mais do que precisa?